Acontece nesta semana a inauguração da nova Daslu, apenas para convidados. A programação não é exatamente divertida e conta com a presença de uma tal “Orquestra Daslu” tocando clássicos da bossa nova.
Aproveitando o gancho, Carta Capital critica a loja com bom gosto, ironia e inteligência. Não estou mentindo. De qualquer forma, acabo lendo coisas como “nova Daslu é um ato de violência”, dito por Marcelo Yuka (quem?) em entrevista ao UOL.
“Essa nova Daslu que está sendo inaugurada em São Paulo, por exemplo, é um verdadeiro ato de violência. É um shopping feito da elite para a elite, um totem da má distribuição de renda”, disse o ex-baterista do Rappa. Acho que um ato de violência é ele aproveitar sua deficiência física para aparecer na mídia, como tem feito desde que se tornou paraplégico, atacando aquilo que lhe convém e traz audiência.
É fácil criticar o que nos parece imoral ou anti-ético, pois a moralidade e a ética são coisas extremamente pessoais, baseadas em conceitos e credos culturais, religiosos e filosóficos. Da mesma forma que alguém pode acreditar na imoralidade da Daslu (ou do Iguatemi, ou da Oscar Freire, ou das praias particulares, ou dos apartamentos de 10 milhões da Vila Nova Conceição), pode também acreditar na imoralidade do pensamento da pessoa pretensamente moral.
Quando temos, na mídia, exposição das vidas ricas e de esbanjamento, surgem pessoas indignadas com o fato de “haver tantos pobres no país e esses burgueses gastarem sua fortuna com luxos”. Há pouco tempo a revista Exame deu matéria de capa para o fato da maioria dos brasileiros acreditar que a prioridade das empresas deveria ser ajudar a comunidade direta ou indiretamente ao invés de lucrar. Um ser consciente sabe que o objetivo principal da firma é o maior lucro possível.
Custo a acreditar que são todas pessoas de bom coração e que, se pudessem, doariam parte considerável de seu patrimônio a instituições de caridade e ajudariam os pobres e oprimidos. Creio que, mesmo não tendo muito, poderiam doar já o que têm e entrar para alguma ordem religiosa, pois são pessoas cujo único sonho é o mundo igualitário e bom para todos, onde não haveria ricos, mas apenas uma sociedade nivelada por baixo. Os abonados são a personificação do mal e a riqueza tem de ser constantemente justificada.
Esses indignados agiriam da mesma forma se tivessem a renda e condição dos 40000 consumidores cadastrados na Daslu? Aposto que se não, diriam que foram corrompidos pelo odioso sistema.