Archive for maio, 2007

Papo de Nerd

maio 30, 2007

Já ouvi várias vezes, de diversas pessoas, que o novo Windows Vista é igualzinho ao Mac OS, sistema operacional da Apple. Lógico que todo mundo que disse isso nunca mexeu em um computador Macintosh na vida e só diz isso por causa das janelas transparentes do novo sistema da Microsoft. Não tem como negar que o Vista é mais bonito que seu antecessor, e que existe lá uma (remotíssima) similaridade estética com o MacOS X, mas dizer que é idêntico é pegar pesado. Tudo porque o MacOS tem um quesito que é essencial para um sistema operacional e o Vista está longe de bater: usabilidade. Num Mac, as coisas são tão simples, mas tão simples, que qualquer usuário leigo tem praticamente domínio total sobre seu sistema com pouquíssimas horas de uso, ao passo que com o Windows e seus 32445 menus de configuração do sistema, as pessoas ficam a vida inteira reféns dos técnicos que ganham dinheiro fazendo configurações simples em um sistema confuso.

Agora parece que a Microsoft, pela primeira vez, conseguiu pensar em algo com o padrão Apple de usabilidade. Acaba de ser anunciado o Microsoft Surface, uma mistura de monitor, tablet, mouse e teclado, tudo em uma coisa só. Na verdade trata-se de um monitor touch-screen com ultra-sensibilidade, utilizado horizontalmente. A diferença para os demais monitores touch-screen é, além da resolução e de seu tamanho, o software que utiliza esta sua sensibilidade de uma forma mais inteligente do que a simples substituição do mouse. E claro, algumas interações interessantes como comunicação via bluetooth e todos esses outros trecos wireless.

Acreditem, o troço é simples e revolucionário, como bem lembrou um cara que trabalha comigo, lembra o filme Minority Report. Num acredita? Dê uma olhada: www.surface.com Agora é só torcer para que realmente funcione da forma como se apresenta nos vídeos…

Noites Brancas

maio 6, 2007

É bonito demais de se ver o centro de São Paulo inteirinho tomado por uma multidão de pessoas que saíram de suas casas para virar a noite com shows, espetáculos de dança, espetáculos teatrais e circenses, em visitas a museus, ou simplesmente caminhando com segurança pelas ruas do centro histórico no meio da madrugada. Ver as sacadas do teatro Municipal lotadas de gente observando a vista da praça Ramos de Azevedo, muitas destas pessoas que certamente jamais haviam pisado no pomposo teatro antes, é uma cena que me deixou um tanto emocionado.

Fico pensando bastante em como uma cidade cosmopolita e hiperativa como São Paulo é carente de atividades culturais neste formato. Ao contrário do que se pensa, não são políticas de revitalização excludentes e questionáveis que vão trazer de volta a vida ao centro da cidade, mas sim a presença das pessoas. As pessoas não dizem que o centro é perigoso e inóspito? Nesta madrugada não estava, porque as pessoas estavam presentes e, inconscientemente, tomavam conta do patrimônio público, simplesmente por estarem ali. Logicamente a presença da polícia é necessária, mas um evento como essa Virada Cultural me faz pensar bastante (novamente, sempre penso nisso) no quanto os moradores de São Paulo têm carência de se sentirem donos da cidade. E saber que é a cultura o gerador potencial deste movimento é mais emocionante ainda.

Logicamente este evento da prefeitura tinha dimensões grandiosas, e por isso mobilizou essas multidões tão impressionantes, mas a questão é: será que eventos similares, em menores proporções, não seriam uma forma inteligente de se habituar as pessoas a conhecer e sobretudo USAR a cidade? Sem essa megalomania de um evento de uma única noite, com tudo acontecendo ao mesmo tempo em vários pontos, não seria bacana de se ver as pessoas observando o vale do Anhangabaú da sacada do Municipal em mais noites ao longo do ano. Assim como uma avenida São João, um vale do Anhangabaú ou uma praça da República com mares de gente assistindo a shows, apresentações de dança, teatro ou circo? Tudo, logicamente, com o necessário suporte do Metrô, dos ônibus e dos órgãos de segurança pública.

Programação e diversidade não faltam na cidade para eventos com o esse, e a população ontem mostrou que público também não falta. Em uma metrópole com super e hipermercados, postos de gasolina, vídeo-locadoras, restaurantes e pet shops que funcionam 24 horas por dia, por quê com as atividades culturais não poderia ser diferente? Alguns cinemas e teatros já perceberam que a madrugada não pertence somente às casas noturnas, mas atraem apenas seus públicos já cativos. Mas isso já é um sintoma de que existe uma avidez por cultura em horários não-comerciais, e o evento desta madrugada nos permite imaginar a possibilidade de nos sentirmos novamente donos do nosso centro histórico e de nossos espaços públicos, e sobretudo a possibilidade de conhecermos uma São Paulo que ignoramos ou de que já nos esquecemos.