Archive for outubro, 2007

Telefônica

outubro 29, 2007

Quem é de São Paulo já conhece o atendimento da Telefônica. Pretendo atualizar os leitores deste pequeno blog com as conversas que tenho tido com o call center deles. Objetivo: migrar meu Speedy para uma velocidade mais alta.

Sábado, 27 de Outubro.

Eu: Quero migrar meu Speedy.
Eles: Ok, senhor. Só um momento, senhor.

(…)

Eles: Senhor, o senhor quer estar mudando para qual plano?
Eu: XYZ.
Eles: Só um momento, senhor.

(…)

Eles: Senhor, vou passar um número de protocolo pois estamos com problema no sistema. O senhor pode retornar a ligação em 24 horas para ver a situação da migração, ok?

Domingo, 28 de Outubro.

Tão claro quanto a cor do cavalo branco de Napolão era que no domingo nada seria resolvido. Isso posto, preferi ir ao cinema ver “I’m Not There”, de Todd Haynes, e cantar um pouco das músicas do Bob Dylan.

Segunda, 29 de Outubro.

Eu: Liguei no sábado e me passaram um número de protocolo… Queria saber o que ficou resolvido.
Eles: Pode me passar o número do protocolo, senhor?
Eu: É XYZABC.
Eles: Um momento, senhor.

(…)

Eles: Senhor, sobre o que era mesmo o protocolo?
Eu: Mudança de plano.
Eles: E pra qual plano o senhor estaria mudando?
Eu: XYZ.
Eles: Só um momento, senhor. Vou checar.

(…)

Eles: Senhor, estávamos com um problema de sistema no sábado e por isso eu peço para que o senhor volte a ligar dentro de 24 horas.

Piada Pronta

outubro 27, 2007

Porque tem coisas que dispensam comentários:

Índia

outubro 26, 2007

O filme do Wes Anderson, “Viagem a Darleejing”, é bacana, mas nada mais que isso. Começo a achar que seu estilo plástico, bonito e detalhista está chegando à fase de saturação. Seus cenários são sempre incríveis, mas acabam se tornando um pouco cansativos com o número de informações presentes ao mesmo tempo. Some-se a isso os personagens e a história e pronto: estafa. O grande problema é que se ele fizer algo diferente, vai ser acusado de, bem, ter feito algo diferente. Isso é complicado para alguém que também é acusado desde sempre de fazer o mesmo filme ano após ano.

(Fiz uma promessa a mim mesmo: “não ficarei nervoso com compras de ingressos para a Mostra e tampouco ficarei nervoso com pessoas que não param de falar dentro do cinema”. Tendo isso em vista, quero apenas contar que vi “Viagem a Darjeeling” bem próximo a um senhor que não calava a boca. Também não posso me esquecer da mulher que chegou atrasada e via mensagens de texto em seu celular a cada dez minutos. Toda a gente sem educação parece convergir para as salas de cinema nesta época do ano.)

Mistérios

outubro 24, 2007

Três coisas precisam de explicação:

1. “Angel”, de François Ozon.
2. A dificuldade de comprar um ingresso pra Mostra via internet.
3. O título deste filme.

Olha a Mostra!

outubro 22, 2007

Num misto de preguiça e falta de dinheiro crônica, por enquanto só vi dois filmes na Mostra. Hoje ainda tive direito a meia hora de fila (com meia hora de atraso da sessão) no Cinesesc. Pra categoria recorde, contabilizo o esgotamento dos ingressos pra “Control”: dez horas antes do filme começar já não havia entradas no Espaço Unibanco.

1. “Morte do Presidente” era um que eu tinha curiosidade mórbida (com o perdão do trocadilho) desde que ouvi falar, no ano passado. Trata-se do documentário que explica com todos os detalhes a morte de George W. Bush e a investigação que se deu após o incidente. O presidente morreu assassinado em Chicago, no dia 19 de Outubro de 2007. Por acaso, a data em que vi o filme.

2. Parece que os críticos brasileiros combinaram de todos falarem mal de “Sonhando Acordado”, novo do Michel Gondry. Após ter ficado um tempinho no sol senegalês de hoje e ter me deliciado com a segunda fileira do cinema, posso dizer que gostei do que vi. Com exceção do título traduzido (que, como se não bastasse ser ruim, é repetido), é bem bom. Eu gosto do Michel.

O homem da Gávea

outubro 19, 2007

Com semanas de atraso, vi “Santiago”, de João Moreira Salles. Muito mais que um documentário sobre Santiago, o mordomo da família Unibanco, é um documentário sobre João e a relação de poder que existia entre o chefe e o empregado. É interessante assitir ao processo de filmagem lá em 1992 e ouvir as mea-culpas de hoje feitas pelo documentarista. Às vezes parecia mais uma brincadeira do filho do patrão, do Joãozinho, que decidiu filmar alguma coisa ou precisava fazer algum trabalho pra faculdade e acabou por encontrar a comodidade na sensacional figura de Santiago. De tudo, destaco o diálogo retirado por João do filme “Viagem a Tóquio”:

– A vida é decepcionante, não é?
– É, é sim.

Delicioso bombom rechado com coco

outubro 17, 2007

Mais um dia de ócio total… Resolvi buscar no Google quantos sites existem com a expressão “famosos visitam” (746), “famosos comparecem” (733), “famosos homenageiam” (87), “famosos se divertem” (834), “famosos dão…” (9.980) e “famosos prestigiam” (48.200).

  • Famosos prestigiam festa da revista Quem
  • Famosos prestigiam lançamento do CD de Amaury Jr.
  • Famosos prestigiam pré-estréia de “Transformers”
  • Famosos prestigiam espetáculo de Marcos Pasquim
  • Famosos prestigiam lançamento de livro sobre cães

Tem muito prestígio na praça, minha gente.

Osso duro de roer

outubro 15, 2007

Então eu estava no Rio de Janeiro e fui assistir Tropa de Elite pra dar o tempo de ir pro aeroporto. No saguão do cinema, em um shopping no Botafogo, tive minha parcela de violência carioca em uma situação no mínimo inusitada (leia aqui). Depois assisti à cinematografização da violência que acontecia a alguns bairros dali.

Ouvi uma galera chamando o filme de fascista e tudo mais, mas confirmei o que eu imaginava: o filme não é nada disso, minha gente. Excelente a atitude de falar da corrupção da polícia, de mostrar uma polícia sem bom-mocismo e sem o aspecto ingênuo que insistimos em imaginar, ainda que saibamos que não é real. Acontece que apesar do mérito de levantar essa questão, o filme é fraco pacaraio.

Já me disseram também que é maniqueísta, o que não é inteiramente verdade. Fica claro que o maniqueísmo é por conta da personagem central, interpretada pelo Wagner Moura – e até aí tá ótimo. O problema é quando o raciocínio primário do personagem se torna a bandeira levantada pelo filme. A polêmica cena da passeata pela paz mostra muito bem isso: o que vemos ali não é a visão da personagem, mas o discurso que o filme efetivamente encampa, do início ao fim.

Então tá: a sociedade hipócrita financia o tráfico e a corrupção ao mesmo tempo em que os repudia com campanhas demagógicas, né? Mas será que é só isso, simples assim? Acho que não. Só que não vi na tela nenhuma outra face dessa moeda, nem mesmo em forma de provocação. É como se o filme comprasse – de fato – a única face da moeda que nos apresenta. Uma pena, porque isso esvazia a execução de uma grande idéia e uma grande denúncia, deixando-as primárias (ao menos para mim, que acredito que a população só é cúmplice do tráfico quando há a necessidade da existência um tráfico, mas isso é assunto pra outra discussão).

Mas relevando esse ponto, a construção dos personagens também é superficial e mal conduzida. A relação do capitão Nascimento com a família e o trabalho são nítidos, mas pouco se fala das conseqüências deste conflito, que deixa de ser subtexto para ser apenas pretexto. O mesmo acontece com o aspirante-acadêmico Matias – link entre as duas realidades mostradas no filme – que é apenas apresentado quando teria grande potencial para ser um fio condutor (talvez muito melhor que o do próprio Nascimento). Mas aí é critério do roteirista.

E por falar em acadêmico, o que é esse Foucault enxertado à força no meio do filme? Não adianta dizer que poderia ter sido qualquer obra de qualquer autor que daria o mesmo resultado. Mencionar um autor que fala essencialmente sobre relações de poder em um filme como esse é assumir, automaticamente, a carga simbólica que sua obra representa. Se a opção era dialogar com Foucault, o autor ficou falando mas o diretor e o roteirista não ouviram muito. Se era dialogar por dialogar, era melhor ter escolhido qualquer outra pessoa.

E fica por fim o ponto mais crítico para mim, que sempre costumo buscar – sobretudo no teatro, mas também no cinema -, que é a questão da linguagem. Esteticamente o filme me pareceu um “Cidade-de-Deus-wannabe“, com muitos toques de Nascido para Matar, do Kubrick. Acontece que Cidade de Deus é uma obra infinitamente mais bem-resolvida, tanto em termos estéticos como, principalmente, em termos de roteiro. Full Metal Jacket eu não preciso nem comentar, né? Já Tropa de Elite é, para mim, cinema “me too”, se apropriando de coisas dos outros que já deram certo em uma empreitada ambiciosa e de pouca personalidade.

No arco-íris

outubro 11, 2007

Que o Radiohead lançou seu novo CD ontem, chamado “In Rainbows”, todo mundo já sabe. Todo mundo já sabe também que os fãs poderiam baixá-lo pelo site oficial pagando o quanto quisessem, até mesmo gratuitamente, o que é bem legal. Eu, besta, paguei duas libras. Ouvi e o achei bem bom, mas decidi dar uma lida na comunidade da banda no Orkut porque outra coisa que todo mundo sabe é que sempre será divertido ouvir fãs incondicionais falando sobre lançamentos musicais.

No meio de críticas do tipo “está fácil demais” ou “acho que OK Computer é melhor”, comecei a me perguntar quantas daquelas pessoas pagaram pelo download. Desde ontem já rolavam ali links para baixar o CD em torrents ou sites tipo MegaUpload.

Pra você, pouco evoluído e que achou o lançamento “difícil”, o Pitchfork faz um guia faixa-a-faixa. Pra mim, que gosto dos tempos de outrora, achei a roqueira “Bodysnatchers” incrível.

Rádio Relógio

outubro 11, 2007

– Você sabia que na Rádio Relógio disseram que um homem escreveu um livro chamado “Alice no País da Maravilhas” e que era também um matemático? Falaram também em “élgebra”. O que é que quer dizer “élgebra”?

– Saber disso é coisa de fresco, de homem que vira mulher. Desculpe a palavra de eu ter dito fresco porque isso é palavrão para moça direita.

O paulistano que pega metrô na linha da Paulista agora tem direito a sua dose diária de Rádio Relógio.

– Nessa rádio eles dizem essa coisa de cultura e palavras difíceis, por exemplo: o que quer dizer “eletrônico”?

Silêncio.

– Eu sei mas não quero dizer.

Enquanto viaja no trem, o cidadão conhece novidades tecnológicas, fica sabendo sobre teatro e dança, aprende que “a nova roupa dos astronautas será mais leve” e descobre as maravilhas medicinais do café.

– Eu gosto tanto de ouvir os pingos de minutos do tempo assim: tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac. A Rádio Relógio diz que dá a hora certa, cultura e anúncios. Que quer dizer cultura?

– Cultura é cultura, continuou ele emburrado. Você também vive me encostando na parede.

Tudo assim, em pílulas de três frases.