Archive for janeiro, 2008

Cinco Filmes

janeiro 14, 2008

Pra continuar a série sobre cinema, mais cinco filmes que vi.

“Medos Privados em Lugares Públicos”, de Alain Resnais, é uma espécie de “Closer” dans Paris e… Espera. Acabei de ler o seguinte na Contracampo:

Existe a tentação, é comum até, de só se olhar para o enredo e menos para o enfoque, e assim considerar o filme como uma espécie de Closer acrescido de mais dois personagens, incrivelmente melhor atuado, mais elegante (também, não era difícil) e com personagens em idade mais velha.

Saco. Se caí nessa tentação, não posso mais falar sobre esse filme. Leia os comentários daquela revista e ignore os meus. Não tenho mais moral para falar dos outros, mas vou dizer rapidamente o que achei de cada um.

“Mutum”, de Sandra Kogut, é bom.

“Meu Nome Não é Johnny”, de Mauro Lima, é bom.

“Em Paris”, de Christophe Honoré, é bom.

“Xuxa em Sonho de Menina”, de Rudi Lagemann, eu não vi.

Livro Legal

janeiro 14, 2008

Tudo bem que não tenho visto TV, mas o Gugu falando de livros em seu programa “Domingo Legal” é uma novidade incrível para mim. O quadro é criativamente chamado de “Livro Legal” e hoje Augusto Liberato mostrava as maravilhas de “Cinco Minutos”, obra de José de Alencar escrita em 1856. Favor não confundir com “Onze Minutos“, cria do mago Paolo Coniglio feita em 2003.

Enquanto as benesses da leitura eram divulgadas ao grande público, cópias do livro pocket editado pela L&PM eram distribuídas entre as colegas de auditório, que não demonstravam tanto entusiasmo ao serem presenteadas com o texto do mesmo autor de “O Guarani” — este sim, clássico da Fuvest.

Sinto que alguém se inspirou na apresentadora de TV mais bem sucedida do mundo, Oprah Winfrey. Ela mantém desde 1996 seu Oprah’s Book Club com imenso sucesso de público e crítica. Apenas em 2002 houve uma pausa nas dicas, quando ela alegou não estar com tempo para ler muito e, portanto, não podendo indicar boas opções para seus espectadores. “It has become harder and harder to find books on a monthly basis that I feel absolutely compelled to share”, declarou a moça. Por enquanto, Gugu não tem o mesmo poder de persuasão da apresentadora, que acabou por cunhar o “efeito Oprah” graças à sua capacidade de elevar títulos obscuros ao panteão dos bestsellers.

Você não ouviu o que Gugu disse, mas acredita no bom-gosto dele e quer ler o livro comentado neste domingo? Pode comprar a versão da Martin Claret, que vem com “Iracema”, por dez reais. No site da Oprah (que é uma grande comunidade virtual, como dita a moda) há fóruns de discussão sobre os títulos indicados. Espero que façam o mesmo aqui e espero também o dia em que ele falará sobre “Ana Karenina“, de Tolstói, como fez sua colega americana.

Império dos Sonhos

janeiro 13, 2008

Mais de um ano após a estréia de “Império dos Sonhos” nos Estados Unidos, fui hoje ao cinema ver esse que é o mais novo filme de David Lynch e que trata da história de “uma mulher em perigo”. Li muito sobre a produção e fiquei sabendo por antecedência que, se há roteiro, é um fiapinho quase invisível, e que esse é o filme mais estranho já feito pelo diretor. Algo que me marcou nessas leituras foi a primeira frase da crítica de Manohla Dargis no New York Times: “No cinema, há poucos lugares mais medonhos para se estar do que na cabeça de David Lynch.”

É um pesadelo constante, essa cabeça. Fui sendo levado pela história (hein?) criada por ela e, em dado momento, não sabia mais o que era o filme, o que era o filme dentro do filme, o que era pensamento e o que era a realidade. Contei as pessoas que saíram antes do fim e foram umas quinze. Imaginei que mais gente desistiria do estranho laboratório lynchiano.

Foi a prova que as imagens valem mais que as palavras. Um filme sem estrutura narrativa linear e aparentemente sem nexo, onde você nunca sabe o que está olhando, onde existem umas n camadas que se misturam e se tocam ao mesmo tempo que se mantém distantes. De difícil digestão? Caso você tente entender algo de forma padrão, sim. Minha dica é se deixar viajar, ficar sem amarras. Chegue às suas próprias conclusões, que fatalmente serão diferentes das dos seus vizinhos de sala. Veja o filme como uma experiência, o que ele realmente é.

Na fila

janeiro 12, 2008

– Ah, parece que esse filme é bom, né?
– É… Tem várias estrelinhas.

Entreouvido na fila do cinema.

Três filmes

janeiro 5, 2008

Os últimos três filmes aos quais assisti foram os seguintes…

A Vida dos Outros“, do alemão Florian Henckel, mostra a vida de um escritor da Alemanha Oriental sendo acompanhada dia e noite pelo governo socialista. Um dia decidem que aquele homem, cujos livros fazem sucesso no lado capitalista, poderia ser uma ameaça. Desenrola-se um melodrama onde os maus podem ter coração, tudo sem muita discussão. Uma história ótima que vai sendo esvaziada no decorrer do filme, que pouco a pouco se torna um novelão.

A Culpa é do Fidel“, da grega Julie Gavras, é a primeira experiência ficcional dessa documentarista filha do conhecido diretor Costa-Gavras. Nela, um advogado espanhol radicado em Paris faz uma viagem ao Chile acompanhado de sua mulher numa tentativa de redimir seus pecados. Ele foi embora da Espanha fascista e, depois de um tio ser morto pelo regime de Franco, percebe a covardia de seus atos passados. Acontece que o casal volta revolucionário e sua filha não entende as razões que levaram sua família a se mudar de uma grande casa para um pequeno apartamento e a proibi-la de assistir às aulas de catecismo.

Crianças são crianças e, como tal, são curiosas. Em conversas com sua avó, a menina descobre que os comunistas são barbudos, vermelhos e querem tirar tudo que eles, a burguesia, têm. Já num bate-papo com sua antiga babá fugida de Cuba, ela aprende que a culpa, bem, a culpa é do Fidel, que quer fazer a guerra nuclear. Rapidamente ela junta as peças do quebra-cabeça, vê que aqueles barbudos que passaram a freqüentar seu novo apartamento são comunistas e começa a questionar as atitudes dos pais.

O casal de irmãos é a origem das piadinhas e situações engraçadas que permeiam o filme, como o momento em que o garoto pergunta se o Papai Noel é comunista – já que ele é barbudo e vermelho. A garota, numa noite insone, conversa com os amigos revolucionários da família e ensina a eles que, no capitalismo, o importante é ter lucro. Seria ótimo se não tivesse me lembrado toda hora de outros filmes onde questões políticas são vistas pelos olhos de uma criança, como “Machuca”, de Andrés Wood. Esse, aliás, que trata de um tema muito próximo ao de Julie Gavras: a ditadura pós-Allende no Chile.

Jogo de Cena“, do brasileiro Eduardo Coutinho, deveria ser visto por todos atores e aspirantes. Mas não só. O documentarista fez anúncios em jornais e escalou mulheres para contarem episódios interessantes de suas vidas. A premissa é simples, mas o resultado é sensacional. Além das mulheres anônimas, Coutinho convocou atrizes conhecidas ou não para encenarem as mesmas histórias. No meio disso tudo, as atrizes também contaram coisas reais e assim a confusão se formou.

As histórias fortes tratam de gravidez, morte e separação. Algumas são engraçadas, outras são tristes e outras até misturam tudo. Uma das atrizes diz que, ao fazer um personagem fictício, você pode atingir um nível medíocre e tudo estará bem, mas ao fazer um personagem real as coisas se tornam muito mais difíceis. Até que ponto ela está imitando ou recriando aquela pessoa? Outra diz que o choro é algo importante na TV e que pessoas de verdade tentam escondê-lo a todo custo, como uma forma de demonstrar força. É difícil saber quem está falando a verdade ou quem a está apenas encenando.

Interessante

janeiro 5, 2008

A praia de Copacabana será, a partir de junho, uma zona com conexão sem fio (wireless) gratuita. Parceria do governo com a Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia) da UFRJ pretende tornar o acesso à internet em todo o Estado independente de fios, como em San Francisco, nos EUA, por exemplo. (Folha)

Quem vai levar um notebook pra praia? Quem vai acessar a internet numa praia no Brasil? São questões que me intrigam neste momento.

"como eo poso faser o meo orkut"

janeiro 1, 2008

Uma rápida análise nas listas que o Google Analytics nos dá leva a várias conclusões.

No ano de 2007, a busca do Google que mais trouxe visitantes para este pequeno canto da internet foi “coletivo”. Ok. Em seguida vêm as expressões “como bolar um baseado” e “como bolar um” que, junto com outras três variações sobre o mesmo tema, são metade dos dez termos de busca que mais trouxeram gente.

Se o objetivo é saber quem gostou do blog, ficamos sabendo que uma pessoa procurava por “locadoras de filmes 24 horas” e visitou várias páginas aqui. Realmente temos muito conteúdo nessa seara. Já o ilustre leitor que ficou mais tempo foi alguém que procurou por “últimos dias – gus van sant” e gastou boa parte de sua vida lendo o post sobre o filme. Talvez essa pessoa tenha tido vontade de agir como o próprio Gus e fez as coisas beeeeeem lentamente. O teatro domina as buscas no Coletivo, mas divide espaço com:

  • “video de como usar as bolinhas tailandesas”,
  • “videos de desvirginamento”,
  • “mensagens edificantes para as gordinhas”,
  • “sandy drogada”,
  • “piadas engraçadas e ingênuas”,
  • “adoro observar menininhas no orkut”,
  • “agosto -janeiro -fevereiro -março -abril -maio -junho -julho”,
  • “apresentacao em pawer point com tema do filme cidade dos anjos”,
  • “baixar cd zezé di camargo & luciano 1997 link sem ser rapidshare”,
  • “celebridades brasileiros nus como antonio fagundes”.

Meta para 2008: ensinar para as pessoas que o Google é deus, mas não sabe responder todas nossas dúvidas.